Temporada de Caça - uma tragicomédia distópica linkedinesca

Espetáculo indicado ao 34º Prêmio Shell de Teatro na categoria Destaque Nacional, com direção do mineiro Vinícius de Souza

 

Texto do paraense Dimis conta a história de um grupo de candidatos em disputa por uma cobiçada vaga de emprego e instiga o público a refletir sobre as relações de trabalho e os jogos de poderes do mundo corporativo. Montagem fica em cartaz nos dias 19, 20 e 21 de abril, no Galpão Cine Horto.

 

Um grupo de candidatos selecionado pelo Recursos Humanos de uma empresa confidencial disputa uma cobiçada vaga de trabalho. Em um frio ambiente corporativo, recrutadores guiam os participantes em sucessivas entrevistas e dinâmicas coletivas, que testam as suas habilidades e dedicação à empresa, em etapas infindáveis. A cada ação, a relação de poder entre os recrutadores e candidatos se torna mais evidente e invasiva: mídias sociais são vasculhadas, opiniões se tornam perigosas e todos precisam provar sua devoção para sobreviver à temporada de caça. Uma comédia que dialoga com a plateia por meio de reflexões sobre os mecanismos cruéis que habitam o mundo corporativo.

O grupo curitibano Minha Nossa Cia de Teatro traz pela primeira vez à Belo Horizonte o seu novo espetáculo “Temporada de Caça”, com direção do dramaturgo, diretor e ator mineiro Vinícius de Souza, e texto do paranaense Dimis. O espetáculo fica em cartaz de 19 a 21 de abril, sexta a domingo, às 20h, no Galpão Cine Horto. Ingressos na bilheteria do teatro, 1 horas antes do espetáculo (contribuição espontânea). Este projeto é realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.

“Temporada de Caça” fez estreia em agosto de 2023, no Teatro Cleon Jaques, em Curitiba, e foi indicado ao 34º Prêmio Shell de Teatro na categoria Destaque Nacional e ao 40º Prêmio Troféu Gralha Azul em 8 categorias: melhor espetáculo, atriz, atriz coadjuvante, ator coadjuvante, figurino, iluminação, sonoplastia e dramaturgia.  O texto de Dimis instiga o público a pensar sobre as relações de trabalho, o excesso de opressões e manipulações, e os jogos de poderes no ambiente corporativo. “É um texto que mexe muito com as pessoas, porque expõem o quanto elas se vendem, se permitem e são vítimas desse sistema. A grande maioria de nós já passou por situações semelhantes e com isso a peça coloca o espectador em um lugar desconfortável ao despertar memórias afetivas. E isso fica claro com o riso constrangido da plateia durante todo o espetáculo. O público se diverte com as situações vividas pelas personagens, mas também as acolhe”, diz o dramaturgo.

Dimis conta que o ponto de partida para escrever a peça foi a sua própria experiência. “Esse texto parte de uma trilogia que pesquisa o lado selvagem e animalesco do ser humano em algumas situações. E o Temporada de Caça nasce a partir das minhas vivências, é um trabalho com um aspecto autobiográfico. Eu passei por um assédio moral dentro de uma empresa em que fiquei por dois anos. Quando eu tomei a decisão de sair desse universo tóxico, fui viver o mundo empresarial do LinkedIn, em busca de uma transição profissional, e tive a oportunidade de passar por diversas entrevistas de emprego. Foi um processo doloroso, mas também rico, porque que gerou muito material para o Temporada de Caça.”

A peça apresenta uma série de situações que se passam no mesmo ambiente corporativo. Para encená-la, o diretor mineiro Vinícius de Souza apostou num jogo espacial que faz com que o espectador tenha, a cada nova cena, uma perspectiva diferente sobre o espaço e o grupo de personagens. “Às vezes vemos os personagens de frente, às vezes de costas, às vezes de lado. Há um jogo espacial, geométrico, de perspectiva. Como se a cada vez a plateia estivesse posicionada num lado diferente dessa claustrofóbica sala”, explica o diretor.

O minimalismo cênico da peça destaca as interpretações e construções das personagens, feitas por Fernanda Perondi, Jeff Bastos, Léo Moita, Moira Albuquerque, Naiara Parolin, Sávio Malheiros e Val Salles. “A narrativa da peça é bem forte, tem personagens complexas e longas passagens de tempo. Para evidenciar esses aspectos do texto, optei por uma encenação muito objetiva, uma cena muito limpa, com mínimos elementos cênicos e alterações de luz muito pontuais.”, conta o diretor Vinícius de Souza. “O resultado disso expressa a contradição do mundo corporativo que parece inicialmente neutro, organizado e correto, mas que é, no fundo, profundamente nebuloso, frio e cruel.”

 “Temporada de Caça – Uma Tragicomédia Distópica Linkedinesca” integra a terceira etapa do Projeto Cambio da Minha Nossa Cia de Teatro. Este projeto iniciou com a montagem de “Primavera Leste” em 2016, com texto do fluminense Diogo Liberano e direção de Dimis, e na sequência “O Leão no Aquário” em 2017, com texto de Vinícius de Souza e direção de Diogo Liberano, intercambiando dramaturgia e direção dos três artistas convidados com a Minha Nossa Cia. de Teatro.

Minha Nossa Cia. de Teatro

O grupo foi fundado em 2009 e se firmou no cenário de teatro de grupo em Curitiba com sua estrutura colaborativa e abertura a trocas permanentes com outros artistas e coletivos. Com seu primeiro espetáculo, “O Homem do Banco Branco e a Amoreira”, recebeu diversos prêmios em festivais e circulou nas regiões no Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do país, além de ser contemplado pela Petrobras Distribuidora de Cultura.  Entre suas principais realizações com dramaturgia autoral estão “Melhor ir mais cedo pular da janela” (2012), “Coração de 29 polegadas” (2013), “Terceira Margem” (2016) e “Formigas” (2016).

Desde 2016 desenvolve o Projeto Cambio, programa de intercâmbio com diretores e dramaturgos de diversas localidades do país resultado nas criações de “Primavera Leste” (2016) – direção de Dimis (PR), “O Leão no Aquário” (2017) – direção de Diogo Liberano (RJ) e “Temporada de Caça – uma tragicomédia distópica linkedinesca” (2023), com direção de Vinícius de Souza (MG). Sendo este último indicado ao 34º Prêmio Shell de Teatro na categoria Destaque Nacional e com 11 indicações no 40º Prêmio Troféu Gralha Azul.

Dimis

É diretor, roteirista, dramaturgo e cofundador da companhia Bife Seco, desde 2010. Formado em Cinema e Direção Teatral, ambos pela Universidade Estadual do Paraná. Soma mais de 40 produções e 30 prêmios, incluindo o Prêmio Outras Palavras e indicação ao Prêmio Shell de Teatro pelo espetáculo “Temporada de Caça”. Foi curador de importantes projetos nacionais, incluindo o Palco Giratório e o Sesc Dramaturgias. Entre as criações, destacam-se os espetáculos “Temporada de Caça” e “Humanismo Selvagem”, os musicais “Terrível Incrível Aventura” e “O Fantasma de Friedrich” e as áudio séries “País do Futuro 2024” e “Selvageria”, indicadas pela Deezer nos melhores podcasts de 2022.

 

Vinícius de Souza

É dramaturgo, diretor, ator e professor teatral. Mestre em Teatro pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Entre 2019 e 2023, trabalhou com o Grupo Galpão, na direção e roteirização da peça radiofônica “Quer ver escuta” (indicada ao Prêmio APCA), do filme “Éramos em Bando”, da série de vídeo-retratos “Muitos anos de vida” que comemorou os 40 anos do grupo e na supervisão dramatúrgica do espetáculo “Cabaré Coragem”. Integra a produtora Planos Incríveis, com a qual dirigiu e escreveu os espetáculos “Os indicados” (2017), “Três Tigres Tristes” (2018) e “Jornada” (2019, indicada ao Prêmio Copaca-Sinparc). Coordena o Janela de Dramaturgia, festival de dramaturgia contemporânea que acontece em Belo Horizonte desde 2012. Idealizou o Portal de Dramaturgia, realizado através do Programa Rumos Itaú Cultural. Desde 2014, e coordena o Núcleo de Pesquisa em Dramaturgia do Galpão Cine Horto.

Leciona na Pós-graduação da Puc Minas e no Cefart – Palácio das Artes, onde realizou também a direção e dramaturgia dos espetáculos de formatura “O maior trem do mundo” (2023) e “Montagem” (2019). Em 2023, dirigiu “Temporada de Caça”, da Minha Nossa Cia de Teatro, indicado em 8 categorias no Prêmio Gralha Azul. Já trabalhou com importantes diretores do teatro brasileiro, como Yara de Novaes com quem desenvolveu em 2020 a peça-jogo virtual “Des(memória)”, e Chico Pelúcio, para quem assinou a dramaturgia do espetáculo “Ensaio de Mentira” (2013). Foi um dos fundadores da Javali, uma das únicas editoras no Brasil dedicada especialmente à publicação de livros de teatro. Seus textos teatrais já foram encenados em Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Assunción (PY), alguns deles publicados pela Editora Perspectiva.

FICHA TÉCNICA

Direção: Vinícius de Souza . Dramaturgia: Dimis . Elenco: Fernanda Perondi, Jeff Bastos, Léo Moita, Moira Albuquerque, Naiara Parolin, Sávio Malheiros e Val Salles . Produção: Inés Gutiérrez

Iluminação e Cenário: Raul Freitas . Desenho de som: Álvaro Antonio . Figurino: Val Salles . Preparação corporal: Gladis das Santas  . Design Gráfico: Breno Camargo e Ana Polezel . Cenotécnico: Faho Produções Cenográficas – Fabiano Hoffmann . Fotos e vídeo: Gabriel Rega . Direção de Produção: Moira Albuquerque . Realização: Minha Nossa Cia de Teatro . Produção local: Letícia Bezamat . Assessoria de imprensa local: Cristina Sanches – CS Comunicação e Arte

By Nimai Dasa

Nimai Dasa profissional formado em Comunicação Social e atua como jornalista a mais de 15 anos.

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